Sincronicidade


Suspiros de uma saudade indefinida e mesmo assim sorrir em meio a lágrimas carregadas pela tristeza do lembrar e a certeza do esquecer. Amanhece nas cinzas do passado, em memórias do que aconteceu e que não se deixam escapar. Um beijo qualquer reforça outra vez a lembrança, a vontade da carne que retorna com o pecado e se faz necessário mais uma vez. Distante esta a memória, novamente sonhando sem razão, em meio a solidão,  o querer do momento. Os olhos se encontram, querem ver mais de perto e cada vez que se aproximam, se fecham e se entregam aos lábios, como uma continuação do olhar. Cada sentimento segue uma sincronicidade, sem saber da saudade se lembra que quer o sabor. Por causa de uma palavra , encontra a razão da lágrima e o seu valor. Outro suspiro gasto em meio a solidão, esperando a respiração que um dia ofegou ali ao lado. O mundo grita pela presença do que falta, sem palavras ou respostas, se perdendo no acaso.

Sombras da Noite


A curva distorce a noite com um leve brilho de intensões maliciosas, se faz delinear o desejo como cada momento estivesse a espera da mão cega que procura entender o que não é capaz de ver. O movimento muda e se perde nas ondas do caminhar, circulando a cama que chama e clama na espera do quanto mais for possível e até onde for permitido se entregar. A sombra brinca, se faz de mar em idas e vindas, num  mergulhar se perde no sentir do suor, entre os sons e sabores do querer da boca e suas cores, amantes da lua e suas flores, emaranhado desejado por cada segundo até então passado. O beijo se envolve com a carne, o corpo se dissolve entre os lençois, não mais se respira, nada se pensa. Os dedos demonstram seus desejos, deflorando exitações, libertando as mais libertinas sensações. O mundo se expande e por um instante se desfaz num grito carnal, irracional e sem igual, na entrega total de duas sombras da noite.

O Andarilho


Cantos e passos, caminhos traçados entre-laços, de fatos e sonhos em pedaços, remendos de passados onde se é esquecido antes de se esquecer. Caminha assim o andarilho, o tolo, o herói que ganha ao perder e se entrega antes da batalha começar, pois é na entrega que podemos ver os dois lados da luta sem perder a guerra. Escolha se torna liberdade e ao tornar-se livre, o caminho se abrange mais do que uma estrada e se tranforma numa avalanche e de qualquer forma, sem saber o instante, o que estava distante é entregue nas suas mãos. Começamos do nada, do zero, sem saber ao certo o que é certo e sem certeza de acertar, ganhar sem saber o que se ganha e perder sem notar, o que importa é o caminho para aquele que só pensa em caminhar. Esse sim é o destino, destinado a ser difícil, mesmo que não se saiba onde ir ou para qual lugar. Enfim o tempo se desfaz e a cada pegada mais uma página virada a caminho de onde nem se sabe chegar.

Simplicidades


Nada se fala do que queremos ouvir nem daquilo que nos faz querer. Apenas silêncio na simplicidade da magoa e naquilo que ela nos faz esquecer. Imagens imaginadas, refletidas, coloridas, retidas e desejadas pela fantasia que transforma a realidade em algo pelo qual se quer mais. O beijo, o toque sem jeito no momento perfeito que para o tempo e faz do dia algo eterno demais para durar. Não fomos feitos para sentir eternidade, apenas se sonha e espera pelo que não se conhece, pelo amanhã do dia seguinte, pelo sol que nasce distante e novamente se deixa passar, dando lugar a noite estelar. Só queremos mais tempo para não deixar o tempo simplesmente passar. Tentar entender e aprender o que precisamos para que não seja tarde demais. As folhas mortas no chão, fazendo o caminho dessa solidão, nos mostra a simples razão de querer mais sempre que possível for, de sobreviver além da dor e simplesmente viver.

Nada Mudou, Tudo Esta Diferente


Inspirado na solidão, encontrando a razão no mais simples caminhar, sem olhar para trás, sem pensar demais, sem saber onde ir nem onde ficar. Depois de um tempo o tempo muda, mas nada muda sem querer mudar. Os dias são dias e nada mais, apenas motivos para despertar, as noites estreladas se apagam no vazio do céu e do mar, novamente despertos pelo sol. Nada mais de estrela guia, nem saudade, nem lembrança, nada mais de ser criança e de brincar. Tudo que quer é a motivação de ir e voltar, saber que a partida foi dura, mas a realidade é muito mais difícil de se lidar. Nada mudou, tudo esta no mesmo lugar, mas tudo esta diferente quando se olha profundamente com um novo olhar. Quer sair mais do que o que era e se aventurar, mas quer ser responsável pelo seu tempo e nesse tempo poder viver e sonhar, mas não ao mesmo tempo.

D'água


No outro lado, o mundo feito um aquário, sem saber onde olhar, sem tocar ou suportar essa falta belle que me faz essa vontade louca de mergulhar, partir para o mundo conhecido. A razão ficou para trás, agora é apenas a coragem que mantem a verdade do final, do finalmente ancorar e buscar o novo horizonte, onde quer que ele esteja. Nada mais é certeza, o tempo que passa é mais do que o possível e nada mais do que o impossível, mesmo que a possibilidade esteja se aproximando. O que se perde tem de ser menos do que ganho, se não, não vale tudo isso. Domar o grito selvagem que percorre corpo e alma saber o que é capaz e como ser mais do que além. Do outro lado existe uma verdade e é nela que se encontra o verdadeiro destino, o caminho a alcançar e o resultado das privações e marasmos dessa longa caminhada.

Azul Infinito


Um azul sem fim, destinado a levar para todos os lados os pedidos e lembranças, as vontades fantasiosas de criança e as esperanças de um tempo sem tempo, sem memória nem história onde os dias passam devagar. Encontra um vento, desperta as velas e leva para longe e sem pressa tudo que pode, cada coração que explode sem saber onde começa ou termina, nem sabe onde chegar. Deita nesse azul claro, olha para o céu e por um albatroz ser levado, dentre nuvens de chuva e vento rasgante, por um instante nada parece mudar. E na escuridão do mar, posso ver cada ponto estelar, onde novas vidas aportam, vão e voltam até onde devem chegar.
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