Dançando a Luz da Lua


Nada importa, a chuva ou a demora, a vida ou seu fim. Para onde for, lá esta, mas não sozinho. No meio de tanto vazio é possível encontrar tudo o que precisa, a voz que falta, o beijo que gosta e a vontade que se perdia. Nasce o sorriso, sem saber seu sentido, saudando o novo sol. Não importa mais nada quando se chega onde precisava chegar. O que é preciso saber é que momentos perfeitos não são feitos, acontecem e passam, então deixa que o tempo imóvel leve para a lembrança o que às vezes aperta o coração. Para que seja felicidade mesmo, não apenas se vive dias memoráveis, mas se cria na mente o que seria a felicidade. Cada momento do dia sendo uma canção, o respirar é a razão para se sorrir, pois ao lado se pode encontrar um motivo. Para sempre é feito de hoje, amanhã e depois, quando o tempo se perde e a vida é contada no abrir os olhos para um sorriso que os espera. Não existem atrasos, somente o que não se pode largar, o que tem de deixar e mesmo com medo de partir, ter a certeza de que volta e continuará a voltar. O mundo se vira, o céu se abre, as estrelas se perdem na clareza da luz branca brilhando distante, então é possível saber com toda certeza, que todo dia se esta dançando a luz da lua.

Passagem


Aguardando a presença passageira do tempo, sento no banco de madeira e observo a ventania e seus movimentos empoeirados. Esperando qualquer alteração da minha permanência, viro observador, assim como tantos outros, da vida mutável e suas quase que imperceptivas alterações e repercussões. Um pequeno rasgo no vestido da moça que logo atrai a mão atenta de quem a faz companhia, escondendo a única falha que seus olhos foram capazes de perceber e sorrindo como se nada pudesse mais fazer. Passam pássaros pairando por entre pequenas passagens nas árvores, acrobatas do ar, rodopiando para no fim se agarrar nos galhos, fazendo inveja no bater das asas e todas as suas possibilidades. Pessoas acenam, saudades ficam e lágrimas encontram um berço no chão onde caem, assim se faz uma despedida, sem alegria, mesmo que feliz seja esse dia, não é doce a partida. Os últimos, esses momentos inigualáveis na certeza e até mesmo na vontade das ações, necessidade impera sobre a espera do retorno, apesar de tudo que se deixa para trás, sobra pouco. É chegado o momento, a passagem do tempo que agora carrega em seus braços novos ventos, serei agora novo em outro litoral, nascido novamente num mundo diferente onde sinto o destino chamar.

Desconstrução

Parecia ser importante, único e constante, invariável e necessário como o ar respirado e a água que satisfaz, mas não é mais. Vai sumindo assim como foi aparecendo, decrescendo, desfazendo e dispersando. Em silêncio, sem acordar ninguém, se retira sem esperança de retorno, deixando apenas uma marca, com desgosto de ser mais uma passagem de vida, uma palavra esquecida no fundo da mente. Não é mais nome e sim experiência de vida, como tempestade de verão, onde pensamos nunca mais ver o sol a brilhar em meio a escuridão, eis que o céu ilumina e novo espaço se cria para mais um novo dia. A cabeça se ergue, a vontade segue a vista e para frente se caminha, construindo nova fantasia, refazendo tudo aquilo que sumia, esquecendo da quem já esquecia. Aquilo que parecia impossível de acontecer não é notado, apenas deixado de lado, cada vez mais no canto, até que cai no chão e se quebra. Aparentava tão resistente, mas de nada precisou, apenas a falta que fez e o tempo que passou. Como era importante, valioso e sem igual, único no mundo esse sentimento tão banal. É guardado como história de vida, nostalgia de dias mais jovens, de quando tudo parecia ser mais do que era, maior do que precisava e era feito de eternidade, até se acabar.

Solidão Amarga, Vontade Doce...


Encolhe-se em dia de chuva, onde as gotas parecem desnudar cada pedaço de solidão guardado e escondido, para que ninguém saiba que ali esta. Quer sumir para não ser descoberto num canto de parede, remoendo palavras antigas e sonhos ilusórios. Sente a saudade pelos olhos, quando esses choram na hora de lembrar, queimando a cada passo dado e ignorando o que poderia ter sido. Procura abrigo para fugir dos olhares que reprovam a tristeza e desde então nasce a natureza do desconhecer e reencontrar. Lentamente se intensifica, cada mudança inesperada de uma vida, sobrando somente a sombra daquele ser, virando a noite sem perceber que o tempo de hoje não demora a escurecer. Cadências da vida, com melodias que vibram o peito e encolhem a alma amedrontada, prostrada na janela, vendo as nuvens encobrirem a lua. Esconde as estrelas e faz de perdido quem já busca respostas no céu pontilhado. Do dia em que prova do mel então, fitando o olhar inesperado, a alegria vinda e tendo a certeza de que a indecisa, demonstra mais do que o que fora anteriormente planejado, tem então a intenção de enganar e ser ludibriado. Abre os olhos querendo mais da doçura, que goteja por entre os lábios e traz pra perto a loucura, pois para cada falta que faz o beijo que não chega, novamente o amargo da solidão aumenta e quer novamente se adocicar.
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