Carregado, Amarrado e Desaparecendo

Nuvens marcam passos arrastados entre a lua e o sol, vagando no tempo e dançando até desaparecer, chover e cair, cobrir e acariciar, sumir. Carregadas pelo movimento do dia e a calmaria da noite, se vê finalmente o despertar de um sonho que surgiu, um pensamento que partiu de um alguém que passou amarrando sonhos até então em pedaços e os fez acreditar um dia poderiam ser reais. Os olhos não percebem, o coração não acredita e a verdade apenas aguarda o romper das barreiras um dia levantadas, não como proteção, mas para conter o que é impossível ser reprimido. Um novo amanhecer brilha intenso no limite do horizonte e o calor transborda sobre céu e mar, mesmo assim nada brilha no olhar que um dia fantasiava o real. Desaparecem as vontades, os planos criados, momentos perdidos nunca foram guardados, dias felizes jamais acordados, fios rompidos de uma vida nunca vivida. Escolhas feitas, caminhos trilhados e decididos por onde não se pode mais voltar. Arrastado até o litoral e afogado nas ondas esta o vazio das palavras ditas e das histórias contadas, fábulas para melhor adormecer. O fim da fantasia trás consigo a capacidade de viver o dia, o agora e não o amanhã. O querer um dia nadar, depois andar e correr até voar e aos céus alcançar, renascendo por entre as cinzas das lembranças e as chamas de um novo despertar. 

Irreconhecível


No limite do tempo, onde não existem retas nem curvas e sim o vazio, é possível encontrar a verdade. Entregue as próprias sombras, a imaginação ferina traz cada pedaço perdido pelo passado, leva a enfrentar os erros cometidos e rever o que um dia acreditava acertar. Lentamente deixa de ser o que certo dia era óbvio e vive a mais pura expressão da vida, encarando o real como um homem que para um trem com as mãos. Jogado nesse mundo irreconhecível, vê a liberdade muitas vezes como um castigo e busca sem sucesso encontrar as respostas certas para o que o levou a esse lugar que não é lugar. Essa vida inconstante não tem hora nem momento, não tem sonho ou causa e sim uma finalidade. É agora o que se vive e o depois passa sem saber, até que novamente perdido esta. É nessa perdição que se olha no espelho e procura novamente encontrar um momento diferente, onde algum dia os dias fizeram sentido e não era necessário ser algo ou estar, só é preciso viver.
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