Incêndio Interno

Faíscas explodem no ar adocicado, cada palavra se torna combustível e é consumida pelas intenções da pele. As cores interagem num vermelho amarelado, queimando vivo o presente e todo seu sentimento ardente, querendo arrancar as amarras que lhe prende ao passado. O calor aumenta, turva a visão e derrete cada momento congelado pelo tempo isolado, pelos momentos esquecidos sem razão. As chamas cobrem a alma cauterizando as feridas deixadas por instantes pontuados de "não", negações que deixaram incertezas, tristezas que agora não provocam mais qualquer reação. Labaredas engrandecem como colunas ardentes que penetram os sonhos e iluminam escolhas, destinos escondidos pelo medo da queima agora são consumidos pelo incêndio interno do querer. Cada segundo vira brasa e a todo momento é possível sentir o coração ardendo no fogo de sua própria criação. Sem suplício, apenas o sentimento de liberdade sentido no encontro da chama com a dor, uma emancipação encontrada no lume da queimada interior, que faz do vazio da solidão material para nova combustão.

Pequenos Prazeres


Discorrendo sobre os deleites do dia é possível esquecer novidades e pular diretamente na rotina, assassina de vontades, sonhos de querer e fantasia. A água lava o rosto, a boca bebe o café, a mão segura a chave e lá se vai, a mais nova oportunidade de ter algo que não se sabe o que é. Ninguém é livre até saber o que quer e descobrir uma forma de alcançar, mas como tudo no mundo, para se ter o que sonha é preciso primeiro lutar, brigar, cansar e desesperar. Pensando nos dias que passam tão devagar, esquece que por mais tempo que chegue, mais vai passar e quando o fim finalmente chegar, podem dizer que foi um bom trabalhador, um pai ou mãe de família, um grande colega ou amigo fiel o que quer que seja, a verdade é que a vida vai embora e a morte fica. Pequenos prazeres são esses do viver, do querer sem querer, mas querer mesmo assim, dos momentos felizes tão facilmente esquecidos, dos dias dormidos, das noites insanas, dos sorrisos, beijos e desejos que desejam uma cama. Queira o sangue do vinho tinto, dos lábios macios e olhares de veneno, paralisando e demorado, se envolvendo em abraços de palavras e caricias. Normal é criado pela falta da fantasia, por ter medo de sentir aquele aperto que a tanto tempo queria. Mesmo que em prazeres pequenos possa encontrar alegria, se deixar que a rotina faça sua vida, perderá a oportunidade de mais um novo dia.
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