Desbravador

Nesse lugar sem razão de ser, no tempo passado e agora, indeciso. Não culpo nem nego esse motivo. Sonho sempre que posso, imagino sempre que permito, mas o beijo, não tenho quando quero. Essas ruas cheias de pessoas e água, rostos molhados e bronzeados de chuva e mar. Nada afeta onde estou, se não estiver lá. Velejando nesse barco sem rumo, que navega desnudo de rota e vontade, necessitado de luz e porto, abrigo e segurança. Entre palavras e ondas, as correntezas e os desejos, num lugar bem no meio, onde não quero estar. Parado no tempo pelo vento, antes tempestade diante da solidão de vagar. E quando passa, esse vento que vem do mar não é lembrança e sim saudade. Na procura da felicidade, não preciso de cartas de marear, por que qualquer desbravador sabe, que o difícil é o desconhecido, mas o desejo maior é retornar. Então deixo que esse oceano me leve, assim como o destino que carrega qualquer vontade que se possa desejar. Escolho sentimento antes mesmo da indecisão. Entenda essa contenda entre onde estou e para onde vou, mas não pense que sou assim. Antes mesmo de sair, o viajante olha para trás e vê seu mundo mudar sem ele, partindo mesmo assim. Talvez seja egoísmo, mas levo esse todo dentro de mim. Saber que quando voltar, não precisei esperar, nem dor ou vontade. Sei que lá esteve, perdida comigo, nessa viagem sem fim.

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