Tinta em Tela Branca

O piso molhado do chão provoca sensação de frio, mas parece que seus pés deslizam sobre a água como o vento, encostando delicado, acariciando a superfície. Dançando consigo mesma, brinca com a imaginação, com os motivos e motivações dos sorrisos, sentimentos expressados por movimentos delicados e olhares apaixonados. Então chega perto, me morde a boca e me tira do sério momento de reflexão. Volta ao rodopiar como se nunca tivesse parado, apenas desviado um pouco a passagem da brisa para o meu lado. Quer que eu veja, deseje sua beleza e fique perdido entre o seu reflexo e o real. Imaginação permanece imóvel a sincronização de cada passo, como determinado de antemão. E então seus olhos refletem os meus, chegam tão perto, aparentam investigar minha alma a procura da verdade, se esse sentimento todo é mesmo do que é feito a saudade, se tudo que falo é sinceridade. Satisfeita, mais uma vez me beija e novamente retorna a dança que não demora a parar e voltar para mais uma vez me tocar. Essa é minha constante, te olhar distante e em um momento, sem qualquer aviso, meu mundo se aproxima do seu e no olhar do seu reflexo, vejo o meu.