Saudosa Saudade
quarta-feira, 19 de outubro de 2011 by Leonard M. Capibaribe
O céu não se decide numa meia noite tão triste. Não sabe se chora, demora, nem sabe se fica ou vai embora. Observa então um sonho cristalizado, de encher as mãos de rosto e cabelo, de sentir cheiro e o tocar. Anseio que faz de brinquedo a rasão, tão doloroso quanto uma pena, tão violento como um infante, envolve os dias como amante e faz pensamento dançar. Lacrimoso, se esparrama em gozo por entre calhas e telhas, decidido em banhar sentimentos que escapam e retornam sem aviso qualquer, apenas desejosos do sentir. Relembra beijo, momento sem jeito, a chuva que caia, a mão que subia, o calor que sentia e a vontade que tinha. Passado e sua ladainha, sempre esquece de esquecer aquilo tudo que possuía. Falta faz a solidão, pois faz espera se tornar paixão e num instante vira romance. Demora incessante do amanhecer, ainda que venha encharcado da noite, que se derrame com azul e dourado por sobre a penumbra. Cores brotam por entre condenadas sombras como segredos discretos vindo atona. Ergue-se a manhã de sol e nuvens e faz jocosamente da alma um joguete novamente, gira o saudoso a um outro lembrar, para que sinta falta de um novo luar.