Lembranças Mudas
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 by Leonard M. Capibaribe
Palavras não ditas, paradas no ar, no momento, silenciadas pelo indefinido, o desconhecido. Infinito findado no definitivo. Deveriam ser as palavras de mais fácil esquecimento, mas levitam na mente como lembranças mudas. Ouvido não sabe, mas o coração aperta e procura no vazio a propagação do sentimento escondido, a esperança. Detalhes, dentre tantos, revirados e transformados em pequenas cores, tentando explicar o que significam os sorrisos e as lágrimas, hesitações e nervosismos. Questionamentos ditados em silêncio, receosos das respostas. Jogados em linhas retas, estornados pela vontade de explodir em cada pensamento não formulado. Mesmo em meio a palavras ásperas, cercadas de angústia e raiva, tentam falar do que vem além. E no fim da dança, com a música silenciando, os passos e corações escutam apenas o silêncio do que não pode ter sido dito até que se sentir o que não é possível falar. Não existem palavras por não haver mais ar, apenas detalhes entregues a incerteza do fim.