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terça-feira, 27 de julho de 2010 by Leonard M. Capibaribe
Já fiz anjos chorarem, juntei o céu e o mar. Escrevi cartas apaixonadas e as vi velejar. Os dias tornam-se noite, a lua vem e me deixa, as estrelas que a rodeiam dançantes, esquecem de descansar. Nos sonhos molhados de chuva, nos dias banhados de sol, procuro esquecer as esquecidas, aquelas deixadas e as quais deixei. Então o que vejo é além do meu ver, chega a minha alma e se filtra nos meus desejos. Enquanto feliz, adormeço, mas quando preciso, pinto numa tela sem palavras. Deixo beijos nas lembranças felizes, espero então as respostas não dadas. Existem dias que esquecem, outros que abraçam. Mareando meus sentimentos, jogados aos acasos do tempo, deixando-me levar. Fecho meus olhos e a vejo cantar. No fim me jogo no infinito das perguntas sem causas. Deixo-me levar a esse eterno nada, para onde o nada acaba. Cento e uma vezes mais, escrevo até minha tinta acabar.