segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
by Leonard M. Capibaribe
Senta ali sozinha, olhando o horizonte e esperando um novo dia. Nada muito diferente do normal, todo dia parece nascer igual e novamente o sol aparece iluminando o banal. Mais um dia que passa e nada mais parece ser o queria que fosse, um beijo, um carinho o calor do corpo. Tanta limitação se encontra na solidão, indiferente ao tempo ou opinião. Deseja novos desejos, mas procura caminhos diferentes nas mesmas estradas, nos mesmos anseios.
Senta ali sozinha, olhando o horizonte e esperando uma nova noite. Onde não existe pudor, o carnal dita palavras doces, mesmo feitas de fel. Precisa destruir qualquer vestígio desse vício de querer o que faz mal e novamente se deixa levar, esperando diferença no usual. Tantos rostos os sentimentos usam, tantas vontades de saber sem lembrar ou conhecer, escondendo novas descobertas ou insistindo nas tortuosas escolhas erradas.
Senta ali sozinha, olhando nos olhos e esperando uma fantasia. Espera que esteja presente dia após dia, inerente a qualquer mudança, como o sol no amanhecer ou a lua e o anoitecer. Quer aquilo que sempre quis, mas também quer diferente, quer tudo de novo, mas nada novamente. Se perde em sonhos que carregam em si um dia após o outro, insatisfeitos, tenebrosos, indecisos e ilimitados.
Senta ali, mas não sozinha, olha pra quem se permitiu olhar e finalmente esquece a hora, o tempo, a noite e o dia. Tem a verdade que faz esquecer sonho, o real que desfaz fantasia, tudo que queria e não sabia. Deixa-se esquecer das dores, das marcas que dias e noites deixaram no sentir. O tempo é apenas parte da memória do que um dia foi e que nunca foi assim, longe da dor e do fim.