Último Uivo da Noite
segunda-feira, 26 de setembro de 2011 by Leonard M. Capibaribe
Num passo desatento, sem ordem nem pensamento, passa o tempo passado, pairando ao lado e partindo para qualquer ponto além. Segue solitário até não estar, sem saber exatamente a razão desse destino selado. Eis que se ergue como exemplo esquecido um esforço extraordinário do que se achava extinto. Um último uivo, urrando e usurpando o luar, iluminando breu e unindo o que é seu com o seu eu. Fazendo esforço, faz do desgosto lar e mesmo lá se força a sonhar, falando com todas as fases desse luar, sentindo falta do que se faz faltar. Lenda da noite, soturna e indiferente, assim como gente que se faz persistente num exemplo de perdição em lugar inexistente. Preenche de ensinamentos impuros e indecentes, de exemplos da pele e de quereres ardosos, de saudade saudosa e saliva. Desejo, que se faz de beijo, finge ser apreço e num momento de arquejo se desfaz. Se acaba na cama, com uma vontade mundana de querer mais. Quer pele para queimar, corpo para deslizar, sabor para sentir e saudade para sonhar. Então retorna desatento, em palavras retidas e suspiros no canto do rosto, cantando um gosto, querendo um gozo.