Lembranças Mudas

Palavras não ditas, paradas no ar, no momento, silenciadas pelo indefinido, o desconhecido. Infinito findado no definitivo. Deveriam ser as palavras de mais fácil esquecimento, mas levitam na mente como lembranças mudas. Ouvido não sabe, mas o coração aperta e procura no vazio a propagação do sentimento escondido, a esperança. Detalhes, dentre tantos, revirados e transformados em pequenas cores, tentando explicar o que significam os sorrisos e as lágrimas, hesitações e nervosismos. Questionamentos ditados em silêncio, receosos das respostas. Jogados em linhas retas, estornados pela vontade de explodir em cada pensamento não formulado. Mesmo em meio a palavras ásperas, cercadas de angústia e raiva, tentam falar do que vem além. E no fim da dança, com a música silenciando, os passos e corações escutam apenas o silêncio do que não pode ter sido dito até que se sentir o que não é possível falar. Não existem palavras por não haver mais ar, apenas detalhes entregues a incerteza do fim.

Cisne Negro

Raro como a existência da felicidade e lindo como a força de vontade. Feito de pureza e sedução, criado pela inexperiência do irracional. Impacto que muda a existência do ser, da vida e do mundo. Inesperado como a solidão e o prazer. Sem a menor das intenções e completamente desapercebido por qualquer intenção, muda a face de tudo, o mundo e o tempo, o real e o sonho. Vira dança do inesperado, sem intenção, invisível para os olhos e completo para a emoção. Inexpressivo a qualquer adoração intencionada pelo prazer da novidade e da liberação. Abre as asas e solta plumas, olha o lago e a canção, se volta em torno dos motivos e ouve o momento de saltar para as mãos do vento. Carregar a respiração do ar debaixo das penas que sobrevoam a alma. Dupla face da sedução e da pureza, em busca de um lugar para repousar, encantar, se libertar. O dominar domina o dominando e entrega então a palavra final. O último domínio, o passo, a entrega completa de qualquer decisão, o fim da ilusão.

Prazer

Entre o sol do meio dia e o frio da meia noite, preferir o calor da pele e o arrepio do beijo. Vontade carnal e irracional, selvagem como somente o instinto pode promover. Prova do momento mais íntimo e da entrega completa. Ouve na respiração a vontade de alcançar mais, de ser mais e ter mais. Fecha os olhos para ver a alma irradiar com o momento e flamejar com o suor que uni um ao outro. Encontra a satisfação e acha pouco, quer novamente até que o impossível seja saciado. Deixa de ser carne para ser tornar veneno, paralisando os sentidos enquanto desliza na pele. Alucina a realidade transformando o peso de existir na leveza do imaginário até o ponto final. Supernova irradiando os arredores do espaço, feita de calor e fogo. Incendiando o universo, reconstruindo a realidade com a mera vontade do desejo. Evento celestial que suspende o tempo e desafia o impossível de ser questionado. E nesse momento, se deixa morrer renascendo, cai feliz e sorri o começo de um novo dia.

Precipitar

Desejo pelo risco, olhando na cara do medo e respondendo com um sorriso. Indeciso na precipitação do maior vício. Sedento pela saliva envolvente da paixão. Deixa na vontade de destroçar os segundos passados como se determinado fosse o fim dos tempos. Expõe nua a carência do pulsar incessante desse sentimento, penetrante e furioso. Exaurido o olhar, faminto por cada centímetro proposto pela pele e suor. Desistir de insistir nos conselhos e aproximar a loucura cada vez mais. A vida é natural, viver é imposição dos prazeres que a vida nos trás. Findado nesse coração sem saída, caminho sem volta e destino traçado. Normal é desespero e choro cego, procurando abraço. Não existe escolha para se fazer, e nem mesmo a vontade. O que existe é a verdade: algumas lembranças, presentes e papeis, fotos paradas num tempo que não quer largar. Imóveis como somente o momento pode ser e onde nenhum sentimento quer estar. No fundo do mais profundo poço, procurando abrigo, nada vai encontrar. Tudo que deixa é o futuro passar. Melhor a precipitação do incerto do que saltar do mesmo lugar.

Então Segue o Fim

Acende a chama, limpando o caminho. Distante do desejo e afastado do destino. Nada então se aproxima até que me aproximo. Esquece a razão de querer estar e desfaz o motivo de desejar. Apagam-se as luzes e assim o tempo passa, envolto na escuridão do esquecimento. Longe da vista, na penumbra do que poderia e o que nunca deveria. Leva tudo que não queria que fosse, mas assim será. Os pés se molham olhando o barco seguir viagem, não passageiro, mas passagem. Nada mais importando, sendo levado para longe de tudo, distante desse mundo dividido. Perde-se de vista mar a dentro, sem um último aceno somente o sol do meio dia como companhia e a saudade que se deixa ao relento. Leva para longe a carícia desejada e adormece sentimento latente. Vontade lembra desejo, mas esquece esse futuro desenhado no vento que agora se distância do litoral. Espero então que retorne, que não se deixe esquecer, se permita permitir e no que segue o fim, nada mais lembrar, somente esperar que o que um dia foi, poderá um dia voltar.

Força Incontrolável e o Objeto Imóvel

A vida é uma série de eventos, movimentos e momentos. Forças incontroláveis, verdades do caos medidas em minutos e compromissos. Prioridades acreditadas importantes, mas que no seu fim, não encontra justificativa para o meio. Perde a vontade para a própria vidas. Acredita ser passageiro num trem de destino certo, quando na verdade é errante, acreditando seguir enfrente quando na verdade, dá passos nas pegadas do passado. E então encontra objeto imóvel, inesperado e intransigente. Forçado a parar diante da teimosia e por mais que queira, não sai do caminho, não deixa atravessar e seguir adiante com o caminho de círculos. Tenta negar seu efeito, mas por mais que se procure, não existe outro jeito. Olha a vida e aceita aquilo que muda por completo. Entrega-se ao sentimento perfeito e espera então novos infinitos, pegadas novas no destino. A vida sem controle e o que a faz ter sentido é quem encontramos no caminho. O medo incerto e sua necessária entrega. Pedimos trégua e encontramos paz de braços abertos e beijos que mudam tudo.

Sem Limite

A passagem dos dias, do que queremos. Pensar como sonhos, agir como loucos e viver sem mapa, destino ou direção. Rodar e parar como um pião e de lá, seguir. Nunca chegar a limitação, dar uma volta e mudar de rota, nada de derrotas, apenas os pés no chão. Sem a menor condição de determinar sua atuação, o que será, com qual intensidade sentir e o que realmente desejar. Subir até o alto, mas nunca alcançar. Tudo isso tem suas limitações. E então chega nova batida, sincronizada como o som de tentação, queimando o sol e ar envolta. Rasga a realidade ao redor e destrói todas as leis e verdades. O que existe derrete entorno do que pode apenas ser descrito como impossível. Nada se explica, pois questionar qualquer aspecto disso seria no mínimo um insulto. Não se nega nem se vê, nada se sabe e tudo quer. Abrimos as asas sobre o mar e desejamos os dois, na mesma hora, voar e mergulhar. Não é possível se limitar a apenas um passo, um destino, um lugar. E então não temos limites para criar, somos nossas próprias limitações no que queremos e desejamos desejar.

A Voz

Multidão e distúrbio nesse casulo azulado reverbera dentro da alma que procura a simplicidade da voz. Esse suspiro sonoro, saliente e sedutor, nada mais do que um simples condutor da vontade e veneno que pulsa em meio a fonética. Limitações da língua que falo, dos movimentos apressados da mão que tenta acompanhar a emoção, mais rápida do que o pensamento. Vibrações que deixam claras intenções que vagam pela noite e aguardam atenção. Expiração desejada pela boca que deseja o beijo. E então a voz, esse desenho de vento, contadora de verdades e quando acanhado, deixa vontade. Alma da saudade muda, que findada se torna abraço interminável e milhões de histórias de antes de você voltar. Nada importante na verdade, somente a vontade de falar. Palavras que te vêem despida, que não pedem o momento de calar. Esse som orgulhoso, egoísta e terno, sincero na espera e mesmo assim, feliz na demora. Quero ouvir de perto, o que for que seja dito pela voz que me indica o caminho, que faz carinho ao passar. Respiro que acalenta a alma e faz cada som sussurrar.

Tinta em Tela Branca na mídia


Primeiramente, gostaria de agradecer a minha amiga Joana, por ter dado essa força para que fosse feita a entrevista. Agradecer ao meus amigos Samuel, Caio e Artêmis que também me deram apoio e foram aqueles que realmente me encorajaram a continuar a escrever aqui no Tinta em Tela Branca. Um agradecimento aos meus leitores, que mesmo com o passar do tempo, ainda encontram neste blog, uma mensagem, seja ela minha ou da própria imaginação. Para mim, essa entrevista foi importante de uma forma sem igual e espero que aqueles que tenham assistido, saibam que isso é apenas o começo. Existem projetos para um livro do mesmo título do Blog e como já foi dito, um graphic novel, bem diferente do que geralmente escrevo, mas com muito potencial. Obrigado a todos pelo apoio e continuem a visitar!

Leonard M. Capibaribe
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Blogger Templates by Blog Forum

http://meublogtemconteudo.blogspot.com/