Último Uivo da Noite

Num passo desatento, sem ordem nem pensamento, passa o tempo passado, pairando ao lado e partindo para qualquer ponto além. Segue solitário até não estar, sem saber exatamente a razão desse destino selado. Eis que se ergue como exemplo esquecido um esforço extraordinário do que se achava extinto. Um último uivo, urrando e usurpando o luar, iluminando breu e unindo o que é seu com o seu eu. Fazendo esforço, faz do desgosto lar e mesmo lá se força a sonhar, falando com todas as fases desse luar, sentindo falta do que se faz faltar. Lenda da noite, soturna e indiferente, assim como gente que se faz persistente num exemplo de perdição em lugar inexistente. Preenche de ensinamentos impuros e indecentes, de exemplos da pele e de quereres ardosos, de saudade saudosa e saliva. Desejo, que se faz de beijo, finge ser apreço e num momento de arquejo se desfaz. Se acaba na cama, com uma vontade mundana de querer mais. Quer pele para queimar, corpo para deslizar, sabor para sentir e saudade para sonhar. Então retorna desatento, em palavras retidas e suspiros no canto do rosto, cantando um gosto, querendo um gozo.

Causador de Ondas


Nada se entende, pois não é necessário o completo entendimento e sim um reconhecimento do que é. Seres impossíveis, em constante movimento, evolução e criação, procurando nesse meio uma razão. Acha ter encontrado num livro, numa citação ou veio de um sonho, no meio da noite, num barzinho, uma canção. Imprevistos movimentos são esses dos causadores de ondas, que se acreditam sozinhos a jogar pedras numa lagoa, criando ideais de ação e reação. Conselheiros cegos, que se fazem certos sem levar em conta a maior das variáveis, o sentimento. É assim que se perde o ideal, o plano que era tão certo acaba se tornando irracional e então se pode observar a própria desconstrução. Despreparados para situações de delírio puro, êxtase em descontrole das ações. Passa-se a vida inteira observando a lagoa na espera das ondas ou da as costas e não olha para o que vai acontecer. Então é quando se apanha uma pedra do chão que entendemos quem é o mais sábio, por ser aquele que sabe sua  motivação, a verdadeira intenção. Medir quanta força deverá fazer, os ângulos a se pensar e as consequências de tudo isso que se pensou para que possa acontecer, mesmo  que seja possível planejar, não significa que vai acontecer. O importante é tentar, mesmo sem querer, causar ondas como o mar ou simplesmente esquecer. Só se entende a vida e a si mesmo vivendo, pois não se esta sozinho nessa lagoa, não é o único a mover as águas. O que faz o entendimento é a motivação de viver, a razão para continuar e tentar, apenas parar quando não tiver mais pedras para jogar.

Impossibilidades


Posso sentir teu suspiro vindo de encontro ao meu ouvido, tornando impossível negar esse meu vício teu. Não sei o que faço com as mãos, que não encontram onde repousar enquanto esperam tua pele e o calor que ela sugere. Faz-me teu, pois inexiste mundo esse que possa acolher a possibilidade de perder o que já me fizestes ganhar. Perder-me nos lábios teus e cansar a boca, querer mais de mim para ter mais de ti. Essa distância me transporta aos desejos de minha alma e coração e quando perto de ti estiver, nada mais irei pensar, terei apenas a vontade de estar no momento, no lugar, desperto e entregue. Fiz-te um pedestal e te coloquei com orgulho no lugar de mais alto apreço e mesmo que possa te alcançar, alí ficará. Como é fácil se perder logo depois de entender tudo o que precisava ser compreendido. O mesmo se faz verdade em esquecer o que nunca deve ser deixado. Depois de tudo, não se pode silenciar o mundo, só se pode tentar fazer o possível para entender suas idas e vindas ou se entregar a essa loucura sideral que nos guia dia após dia. Sem tua presença, nada disso seria possível, pois num mar de impossibilidades, encontrei o que queria, para toda a vida.
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